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Ontem a Ana Holanda começou em seu perfil no Instagram (@anaholandaoficial) uma série de vídeos que nos convidam a escrever cartas. Cartas à mão. A primeira proposta foi escrever uma carta para nós mesmos. Transcrevo aqui minha carta:


Querida Bruna,

Te escrevo hoje à mão, que é para descobrir o ritmo da minha letra. Também, para experimentar o tempo em que meu corpo leva para traduzir os pensamentos em movimentos. Essa última frase mudou pelo menos 3 vezes na minha cabeça enquanto eu escrevia. Esta também.

Te escrevo hoje à caneta, que é para sentir a permanência das minhas ações. No digital é possível apagar e escrever 1000x. Aqui não. Tomo mais cuidado com o que vou escrever. E os erros não se apagam. Ficam aqui, registrados em rasuras. Que metáfora para a vida, né? Já está escrito permanentemente neste papel. E não volta mais. A vida não tem "backspace".

Sabe, Bruna, eu sinto que isto é tão importante. Valoriza os momentos vividos, que não têm volta. Minha querida, vive menos no "fast-forward". Toma teu tempo, te observa, te conhece, te desconhece. Escolhe e cuida dos teus instantes. A vida não é um "feed infinito".

Também gostaria de te pedir para não te apressar em julgar os outros. A vida real não tem filtros. Nunca sabemos o que o outro está passando.

Sente, sente sem medo com teu corpo de afetos. E nunca, nunca limites o amor. Lembra que distribuir carinho com as palavras também é uma forma de abraçar. Bruna, você sente meu abraço agora?

Sempre sua,
Bruna Berger Roisenberg
15/12/2020

 

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