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Mostrando postagens de junho, 2020

Querida Clarice,

O eterno em cada instante  Cartas poéticas para Clarice Lispector  Carta 5 Querida Clarice, Confesso que estou atrasando de propósito a leitura de água-viva E olha que eu não sou de atrasar nada nessa vida Estou lendo de pouquinho em pouquinho Saboreando A delícia de ler pela primeira vez este livro Que tenho certeza, será lido mais tantas outras vezes Mas a primeira vez é especial Cada instante é único e perecível Jamais se repetirá A surpresa O frio na barriga O coração palpitante A percepção quase sólida da expansão da minha alma Eu quero que essa sensação dure para sempre Mas sei que não é possível Então eu vou criando o eterno em cada instante de leitura por Bruna Berger Roisenberg

O poder curativo das palavras livros e histórias

Escute este texto no Spotify Tudo é um pouco de mistério Como as palavras escritas por outras pessoas em outros tempos Me capturam agora me emocionam agora dizem de mim São mapas para visitar paisagens esquecidas da minha alma Eu desvelada em palavras Palavras escritas Palavras cantadas Palavras que reconhecem Palavras que salvam Palavras que mostram um caminho Palavras que criam Palavras que abraçam Palavras que narram minha angústia e eu já me sinto melhor Palavras, frases, parágrafos, livros Livros para fugir da vida Livros para viver outras vidas Livros que me empurram para fora dos livros e para dentro da minha própria vida Páginas que abanam o mundo que fica mais habitável mais fresco mais sensível mais vívido Repleto de histórias de pessoas, experiências e universos Histórias que cuidam Histórias que nos fazem companhia Histórias que são alento Histórias que são espelho Histórias que acolhem e embalam Histórias que inquietam e transfo

Querida Clarice,

Homens-bolha Cartas poéticas para Clarice Lispector Carta 4 Querida Clarice, Estou te escrevendo para desabafar O mundo está doido e doído Aqui falta empatia Falta senso de coletividade Há muitos homens-bolha andando por aí Nunca estamos abortados deste mundo Somos seres no mundo e do mundo Somos seres com outros seres Ninguém vive numa bolha Por mais que assim se entenda Me desculpa por escrever o óbvio Mas estes são tempos em que o óbvio tem que ser dito, re-dito, escrito, gritado, tatuado... Nossas atitudes impactam todo mundo Um bater de asas aqui Pode gerar um furacão lá Não, não temos controle sobre nada Mas podemos pelo menos lembrar Que por algumas coisas podemos responder Mas a bolha é à prova de responsabilidade Dá vontade Clarice, De pegar um foguete Está difícil compartilhar este mundo Com quem acha que o mundo é feito só do seu umbigo Protegido por essa bolha opaca Essa bolha que cega E tem a síndrome do "já que" V

Querida Clarice,

Quem me lê que me ajude a viver Cartas poéticas para Clarice Lispector Carta 3 Querida Clarice, É incrível como as tuas palavras Saltam das páginas E vêm habitar em mim Eu concordo com você "Quem me lê que me ajude a viver" A ver Quando te leio Você vive em mim Me atravessa Me convoca Me cavoca Clarice, eu acredito que a literatura não tem sentido por si só a literatura só existe em quem lê Nos pensamentos, nas imagens, nas lágrimas, nos risos, no coração palpitante E você será eterna enquanto alguém te ler Tua escrita é criação É re-criativa Ela cria algo em mim E eu me coloco a criar Tuas palavras desvelam o eterno em mim Que vai viver em outras pessoas Que me lêem aqui Clarice, você percebeu que nunca ninguém lê o mesmo livro? Eu leio com meus olhos No meu tempo No meu contexto Na minha vida E cada pessoa é um universo singular Nunca ninguém vai te ler da mesma forma que eu agora Amanhã mesmo eu já te lerei diferente

Querida Clarice,

Água-viva Cartas poéticas para Clarice Lispector Carta 2 Querida Clarice, Você não sabe o quanto eu estava precisando das tuas palavras Que traduzem teu olhar Teu sentir Teu viver a vida Eu sinto que o teu olhar ilumina lugares escuros O teu sentir é capturado pelas sutilezas Tua escrita é libertadora Experimentadora de curiosidades Andei um pouco perdida Distante de mim E sei que posso recorrer às tuas palavras Elas me acompanham na travessia De volta para mim mesma Tuas palavras ultrapassam A minha primeira capa de superficialidades As máscaras caem Meu coração em tuas mãos Minha alma aos teus pés Eu também não gosto deste pacto com a mediocridade de viver, Clarice Estou à espera do teu livro Felicidade clandestina é lembrar que as tuas palavras estão à caminho Água-viva Alma-viva Pois tudo que é vivo Tem me chamado neste momento por Bruna Berger Roisenberg

Querida Clarice,

E se você fosse você hoje? Cartas poéticas para Clarice Lispector Carta 1 Escute este texto no Spotify Querida Clarice, O que você diria se estivesse aqui hoje? Como posso te falar do que estamos vivendo? Uma pandemia global Um vírus que nos mata Nos deixa sem ar Que coloca uma lente de aumento em todas as nossas mazelas Desigualdades, ignorância, intolerância O mundo inteiro vivendo a mesma pandemia E cada pessoa vivendo isso de uma forma diferente Uns desempregados, famintos Outros comprando pilhas e mais pilhas de papel higiênico Você diria que perdoaria a Deus? A esperança pousaria na sua casa? Eu queria que você soubesse, Clarice Ainda há felicidade clandestina Na arte Na literatura, poesia, música, dança, cinema... Nos encontros (ainda que virtuais) Me conta Clarice, da onde você estiver E se você fosse você hoje? Suas palavras de outrora Ainda me guiam e inspiram Mas quais seriam suas palavras hoje? Tenho tanto a te perguntar..